quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Atendimento mudo - Feira

Sábado fui até feira com minha esposa, já comentei antes que é um lugar que eu adoro ir, pela qualidade dos alimentos e também para ver o funcionamento.

Ali você acaba vendo um pouco de tudo, marketing, estratégia de venda, negociação, inovação na forma de abordagem do cliente, que na grande maioria das vezes tem muita criatividade e bom humor.

Ela escolheu comprar em uma barraca que tinha legumes separados em uma pequena quantidade em saquinhos.
Havia um folheto pendurado onde estava o preço, mas não especificava sobre qual legume se referia, minha esposa perguntou:
Cada saquinho custa R$ 1,00 certo. Eu posso pegar qualquer legume?
A moça que estava atrás da barraca assentiu de forma afirmativa com a cabeça.
Minha esposa pergunta se ela tem vagem?
Desta vez a moça nega novamente balançando a cabeça.

Como minha esposa gosta muito de falar, ela fez um comentário com a moça sobre a qualidade da berinjela que havia escolhido: Nossa esta berinjela esta muito bonita hein?
Desta vez a moça olha para ela e esboça de leve um sorriso, sabe aquele meio de canto de boca, meio sem graça.

Enquanto ela escolhia os legumes, a vendedora da barraca que estava parada bem a frente dela, dava apenas algumas rápidas olhadas, em direção a minha esposa. E um detalhe importante, na barraca não havia nenhum outro cliente, somente nós!

Neste momento de silêncio absoluto, eu já começava a pensar: “Nossa que menina esforçada e dedicada, ela é muda e trabalha na feira e como vendedora”.

Quando de repente, ela começa a abrir uma barra de chocolate, se vira para o rapaz que trabalhava na barraca e diz:
- O Fulano, quer um pedaço de chocolate?

Eu não sabia o que pensar! Será que tinha acabado de ver um milagre?! A ex-muda falou. Ou será que ela era apenas uma mal-humorada? Uma vendedora ruim? Alguém que estava passando por um dia ruim? Que não queria estar ali?

Minha esposa escolheu 4 saquinhos, e ela mesmo virou para a menina e disse, fica R$ 4,00 certo?
De novo ela afirmou com a cabeça.
Minha esposa entrega duas notas de R$ 2,00 e diz obrigado!

A moça pega o dinheiro, guarda e não responde nada.

No final das contas, a moça nos atendeu (se é que dá para chamar isso de atendimento) sem trocar sequer uma palavra.

Agora não sei se considero ela um fenômeno das vendas, um case de sucesso para ser estudado. Afinal de contas ela conseguiu fazer a venda sem dar sequer uma palavra . Ou alguém que está no lugar errado.


Abraços!

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Atender os alertas do corpo e Entender que precisamos nos cuidar



Depois de alguns meses parado, voltei a correr e minha meta é a São Silvestre em2013 e a Maratona de São Paulo em 2014!
Corri 10 km na maratona do Pão de Açúcar em setembro e no final da corrida recebo um panfleto que dia 12/10 teria  outra corrida no Campo de Marte, bem próximo de casa, de imediato me lembro que é exatamente dia de Nossa Senhora de Aparecida, e também dia das crianças, penso se seria uma boa data e mesmo assim decido usar esta corrida como treino.

Chega dia 11/10, a noite vou até a uma padaria e faço como manda o figurino, como massa e peixe grelhado já pensando na corrida do dia seguinte, mas sequer havia feito a inscrição para a prova, e decido participar apenas para pegar ritmo.
No dia 12/10 acordo às 6 da manhã tomo um café legal, me alimento e vou para a prova. O relógio aponta 7hs e 30 minutos, início da prova. Cruzo a linha de largada e ligo meu monitor cardíaco, se passam 5 km de prova, 24 minutos correndo, e tenho duas opções, parar ou fazer o percurso de 10 km, meus batimentos estão normais, 165 por minuto, decido correr mais 5 km.
Termino a prova em exatos 54 min e 40 segundos, um tempo razoável, olho o monitor cardíaco e os batimentos estão em 180, tudo exatamente igual a todas as outras provas que já havia feito.
Desligo o monitor cardíaco, e começo a alongar e caminhar pelo local, já em direção ao carro, sinto um mal estar, e  meu coração batendo acelerado.

Volto a ligar o monitor e meus batimentos em estranhos 190, passa mais um pouco eu continuo caminhando em direção ao carro e os batimentos vão a 200, os braços parecem estar pesados... mais um pouco e batimentos a 210, alguns passo já com a visão escura e 220, não vejo ninguém por perto e chega a 225.
Me assusto, minha sensação era de estar embriagado, não consigo lembrar onde deixei o carro, sinto dor de cabeça, ou melhor a dor era na nuca. Fico andando pelo local e meus batimentos começam a baixar e voltam ao normal.

Chego ao estacionamento, peço um copo de água, tomo um pouco e molho os pulsos. Pego o carro e penso que faltou me alimentar bem, vou para a padaria tomar um café reforçado, mas no caminho começo a suar frio, os braços voltam a ficar pesados e começam a formigar, olho o monitor de frequência e começa a subir novamente, no desespero tiro o monitor, como se isso fosse resolver, abro os vidros e deixo o vento bater no rosto. Consigo com certa dificuldade chegar até a padaria.

Sento, peço um pão e café, me sinto um pouco tonto, tento me levantar e tudo roda a minha volta, a minha visão fica um pouco escura, me sinto sonolento. Assustado falo ao balconista: “Cara to passando mal!!!”, tento levantar, não consigo. Alguém leva uma cadeira até mim, me sento novamente e sinto meus dois braços formigando, minhas mão se fecham e ficam retorcidas, não consigo voltar minha mão para a posição normal, neste momento meus dois braços estavam formigando. Vejo o pessoal da padaria ligando para o SAMU, mas não consigo raciocinar direito e com dificuldade consigo falar o telefone de casa. O SAMU informa que não tem como enviar uma ambulância urgente, afinal 12/10 era feriado.

Não demora dois minutos, os mais longos da minha vida, e começo a me reestabelecer, meus braços não estão mais dormentes, consigo movimentar minha mão, me levanto, já vejo tudo normalmente, consigo falar e explico que havia acabado de correr e depois da corrida me sentido mal.
Tomo meu café normalmente, como meu pão e assisto o final do jogo da Seleção. Converso com as pessoas que estão na padaria, falo o que senti, comentamos sobre o sistema de saúde do Brasil, termina o jogo da Seleção. Todos me perguntam se estou bem e afirmo que não estou sentindo mais nada. Vou ao caixa, pago a conta, pego o carro, e vou para casa.

Em casa começo a falar para minha esposa que, quase não voltei. Tiro o tênis, sento no chão da sala, e começo a contar para ela o que senti. Ela muito preocupada já quer correr comigo para o hospital, mas, afirmo que estou bem e continuo a contar o que aconteceu.
Nisso sinto meus braços começam ficar novamente dormentes, olho para meus dedos e todos eles com as pontas roxas, começo a tremer de frio, e me deito no chão, minha sensação é de ter tomado uma anestesia em toda a boca pois ela estava dormente, braços e pernas tremendo sem parar. Minha esposa desesperada liga para o SAMU e começa o interrogatório, qual o nome, cor, idade, sexo, o que está sentindo, está alimentado e etc.

Já não tenho mais nenhum controle do meu corpo, boca formigando, meu maxilar travado, e meu raciocínio mais lento, não consigo responder para minha esposa o que estou sentindo.
Nesta hora, passa na minha cabeça, estou tendo um ataque e vou morrer, se não morrer ficarei com sequelas! Meu DEUS me ajude! Tenho família, como ficará minhas esposa e filhos? DEUS me ajude!

O SAMU chega depois de uns 20 minutos de puro pânico, saio de casa de cadeira de rodas, vou direto para o oxigênio, sou agasalhado e começo a me recuperar. Chego ao hospital e vou direto para a emergência, sou colocado em um lugar separado, já entro em exames. Estou melhor, mas me sentindo com muito sono, o raciocínio ainda lento, a fala um pouco mole.

É feito coleta de sangue, eletro e nada foi encontrado. Fico na observação por quatro horas e como nada foi detectado sou liberado. Fico o domingo de repouso não sinto nada de anormal e vou trabalhar na segunda.
Chega a segunda feira, continuo sem sentir nada, e vou trabalhar. No metro vou lendo um jornal e quando paro de ler sinto uma tontura, começo a suar frio, mas já estou próximo do local de trabalho. Chego na minha mesa e começo a sentir frio, a ponta dos meus dedos estão voltando a ficar roxo, minha mão começa a tremer, novo desespero.

Desço até ao ambulatório, meço a pressão e está normal, mas sinto que a dor de cabeça começa a voltar, minhas pernas começam a ficar pesadas, sinto meu corpo com o dobro do peso, dores no peito, bem no lado esquerdo, e começo a sentir um desconforto no estomago. O médico me libera, e me afasta por este dia. Conto para algumas pessoas o que ocorreu e eles me orientam a voltar ao médico.

Vou direto para o Hospital, explico tudo o que aconteceu, e comento que meu pai falecera de infarto. Sou colocado em uma maca, e já vou direto para a UTI. Fico na UTI por dois dias, uma série de exames são feitos, sangue, pressão,  colesterol, eletrocardiograma, eco cardiograma etc. Fico mais três dias em observação no quarto e os exames continuam sendo feitos.

Os médicos não conseguem achar nada clinicamente. E começam a fazer perguntas como: Você guarda muito as coisas? Fica muito nervoso? Tem passado por alguns stress?

Enfim os médicos sugerem que o que senti foi uma descarga de stress no corpo que causou uma disritmia total.

Apesar deste blog falar de “atendimento e entendimento”, achei bom compartilhar esta história. Precisamos ATENDER os chamados do nosso corpo e ENTENDER que não somos máquinas e quando é o momento de parar, repensar, desestressar e buscar ajuda e uma vida mais equilibrada e saudável.

Bom agora estou indo para um novo cardiologista, um terapeuta para um acompanhamento mais a fundo. Em breve retorno as corridas!


Abraços