Depois
de alguns meses parado, voltei a correr e minha meta é a São Silvestre em2013 e
a Maratona de São Paulo em 2014!
Corri
10 km na maratona do Pão de Açúcar em setembro e no final da corrida recebo um
panfleto que dia 12/10 teria outra
corrida no Campo de Marte, bem próximo de casa, de imediato me lembro que é
exatamente dia de Nossa Senhora de Aparecida, e também dia das crianças, penso se
seria uma boa data e mesmo assim decido usar esta corrida como treino.
Chega
dia 11/10, a noite vou até a uma padaria e faço como manda o figurino, como
massa e peixe grelhado já pensando na corrida do dia seguinte, mas sequer havia
feito a inscrição para a prova, e decido participar apenas para pegar ritmo.
No
dia 12/10 acordo às 6 da manhã tomo um café legal, me alimento e vou para a
prova. O relógio aponta 7hs e 30 minutos, início da prova. Cruzo a linha de
largada e ligo meu monitor cardíaco, se passam 5 km de prova, 24 minutos
correndo, e tenho duas opções, parar ou fazer o percurso de 10 km, meus
batimentos estão normais, 165 por minuto, decido correr mais 5 km.
Termino
a prova em exatos 54 min e 40 segundos, um tempo razoável, olho o monitor
cardíaco e os batimentos estão em 180, tudo exatamente igual a todas as outras
provas que já havia feito.
Desligo
o monitor cardíaco, e começo a alongar e caminhar pelo local, já em direção ao
carro, sinto um mal estar, e meu coração
batendo acelerado.
Volto
a ligar o monitor e meus batimentos em estranhos 190, passa mais um pouco eu
continuo caminhando em direção ao carro e os batimentos vão a 200, os braços
parecem estar pesados... mais um pouco e batimentos a 210, alguns passo já com
a visão escura e 220, não vejo ninguém por perto e chega a 225.
Me
assusto, minha sensação era de estar embriagado, não consigo lembrar onde
deixei o carro, sinto dor de cabeça, ou melhor a dor era na nuca. Fico andando
pelo local e meus batimentos começam a baixar e voltam ao normal.
Chego
ao estacionamento, peço um copo de água, tomo um pouco e molho os pulsos. Pego
o carro e penso que faltou me alimentar bem, vou para a padaria tomar um café
reforçado, mas no caminho começo a suar frio, os braços voltam a ficar pesados
e começam a formigar, olho o monitor de frequência e começa a subir novamente,
no desespero tiro o monitor, como se isso fosse resolver, abro os vidros e
deixo o vento bater no rosto. Consigo com certa dificuldade chegar até a
padaria.
Sento,
peço um pão e café, me sinto um pouco tonto, tento me levantar e tudo roda a
minha volta, a minha visão fica um pouco escura, me sinto sonolento. Assustado
falo ao balconista: “Cara to passando mal!!!”, tento levantar, não consigo. Alguém
leva uma cadeira até mim, me sento novamente e sinto meus dois braços
formigando, minhas mão se fecham e ficam retorcidas, não consigo voltar minha
mão para a posição normal, neste momento meus dois braços estavam formigando.
Vejo o pessoal da padaria ligando para o SAMU, mas não consigo raciocinar
direito e com dificuldade consigo falar o telefone de casa. O SAMU informa que
não tem como enviar uma ambulância urgente, afinal 12/10 era feriado.
Não
demora dois minutos, os mais longos da minha vida, e começo a me reestabelecer,
meus braços não estão mais dormentes, consigo movimentar minha mão, me levanto,
já vejo tudo normalmente, consigo falar e explico que havia acabado de correr e
depois da corrida me sentido mal.
Tomo
meu café normalmente, como meu pão e assisto o final do jogo da Seleção. Converso
com as pessoas que estão na padaria, falo o que senti, comentamos sobre o
sistema de saúde do Brasil, termina o jogo da Seleção. Todos me perguntam se
estou bem e afirmo que não estou sentindo mais nada. Vou ao caixa, pago a
conta, pego o carro, e vou para casa.
Em
casa começo a falar para minha esposa que, quase não voltei. Tiro o tênis,
sento no chão da sala, e começo a contar para ela o que senti. Ela muito
preocupada já quer correr comigo para o hospital, mas, afirmo que estou bem e
continuo a contar o que aconteceu.
Nisso
sinto meus braços começam ficar novamente dormentes, olho para meus dedos e
todos eles com as pontas roxas, começo a tremer de frio, e me deito no chão,
minha sensação é de ter tomado uma anestesia em toda a boca pois ela estava
dormente, braços e pernas tremendo sem parar. Minha esposa desesperada liga
para o SAMU e começa o interrogatório, qual o nome, cor, idade, sexo, o que
está sentindo, está alimentado e etc.
Já
não tenho mais nenhum controle do meu corpo, boca formigando, meu maxilar
travado, e meu raciocínio mais lento, não consigo responder para minha esposa o
que estou sentindo.
Nesta
hora, passa na minha cabeça, estou tendo um ataque e vou morrer, se não morrer
ficarei com sequelas! Meu DEUS me ajude! Tenho família, como ficará minhas
esposa e filhos? DEUS me ajude!
O
SAMU chega depois de uns 20 minutos de puro pânico, saio de casa de cadeira de
rodas, vou direto para o oxigênio, sou agasalhado e começo a me recuperar.
Chego ao hospital e vou direto para a emergência, sou colocado em um lugar
separado, já entro em exames. Estou melhor, mas me sentindo com muito sono, o
raciocínio ainda lento, a fala um pouco mole.
É
feito coleta de sangue, eletro e nada foi encontrado. Fico na observação por quatro
horas e como nada foi detectado sou liberado. Fico o domingo de repouso não
sinto nada de anormal e vou trabalhar na segunda.
Chega
a segunda feira, continuo sem sentir nada, e vou trabalhar. No metro vou lendo
um jornal e quando paro de ler sinto uma tontura, começo a suar frio, mas já
estou próximo do local de trabalho. Chego na minha mesa e começo a sentir frio,
a ponta dos meus dedos estão voltando a ficar roxo, minha mão começa a tremer,
novo desespero.
Desço
até ao ambulatório, meço a pressão e está normal, mas sinto que a dor de cabeça
começa a voltar, minhas pernas começam a ficar pesadas, sinto meu corpo com o
dobro do peso, dores no peito, bem no lado esquerdo, e começo a sentir um
desconforto no estomago. O médico me libera, e me afasta por este dia. Conto para
algumas pessoas o que ocorreu e eles me orientam a voltar ao médico.
Vou
direto para o Hospital, explico tudo o que aconteceu, e comento que meu pai
falecera de infarto. Sou colocado em uma maca, e já vou direto para a UTI. Fico
na UTI por dois dias, uma série de exames são feitos, sangue, pressão, colesterol, eletrocardiograma, eco
cardiograma etc. Fico mais três dias em observação no quarto e os exames
continuam sendo feitos.
Os
médicos não conseguem achar nada clinicamente. E começam a fazer perguntas
como: Você guarda muito as coisas? Fica muito nervoso? Tem passado por alguns
stress?
Enfim
os médicos sugerem que o que senti foi uma descarga de stress no corpo que
causou uma disritmia total.
Apesar
deste blog falar de “atendimento e entendimento”, achei bom compartilhar esta
história. Precisamos ATENDER os chamados do nosso corpo e ENTENDER que não
somos máquinas e quando é o momento de parar, repensar, desestressar e buscar
ajuda e uma vida mais equilibrada e saudável.
Bom
agora estou indo para um novo cardiologista, um terapeuta para um
acompanhamento mais a fundo. Em breve retorno as corridas!
Abraços