segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Atender os alertas do corpo e Entender que precisamos nos cuidar



Depois de alguns meses parado, voltei a correr e minha meta é a São Silvestre em2013 e a Maratona de São Paulo em 2014!
Corri 10 km na maratona do Pão de Açúcar em setembro e no final da corrida recebo um panfleto que dia 12/10 teria  outra corrida no Campo de Marte, bem próximo de casa, de imediato me lembro que é exatamente dia de Nossa Senhora de Aparecida, e também dia das crianças, penso se seria uma boa data e mesmo assim decido usar esta corrida como treino.

Chega dia 11/10, a noite vou até a uma padaria e faço como manda o figurino, como massa e peixe grelhado já pensando na corrida do dia seguinte, mas sequer havia feito a inscrição para a prova, e decido participar apenas para pegar ritmo.
No dia 12/10 acordo às 6 da manhã tomo um café legal, me alimento e vou para a prova. O relógio aponta 7hs e 30 minutos, início da prova. Cruzo a linha de largada e ligo meu monitor cardíaco, se passam 5 km de prova, 24 minutos correndo, e tenho duas opções, parar ou fazer o percurso de 10 km, meus batimentos estão normais, 165 por minuto, decido correr mais 5 km.
Termino a prova em exatos 54 min e 40 segundos, um tempo razoável, olho o monitor cardíaco e os batimentos estão em 180, tudo exatamente igual a todas as outras provas que já havia feito.
Desligo o monitor cardíaco, e começo a alongar e caminhar pelo local, já em direção ao carro, sinto um mal estar, e  meu coração batendo acelerado.

Volto a ligar o monitor e meus batimentos em estranhos 190, passa mais um pouco eu continuo caminhando em direção ao carro e os batimentos vão a 200, os braços parecem estar pesados... mais um pouco e batimentos a 210, alguns passo já com a visão escura e 220, não vejo ninguém por perto e chega a 225.
Me assusto, minha sensação era de estar embriagado, não consigo lembrar onde deixei o carro, sinto dor de cabeça, ou melhor a dor era na nuca. Fico andando pelo local e meus batimentos começam a baixar e voltam ao normal.

Chego ao estacionamento, peço um copo de água, tomo um pouco e molho os pulsos. Pego o carro e penso que faltou me alimentar bem, vou para a padaria tomar um café reforçado, mas no caminho começo a suar frio, os braços voltam a ficar pesados e começam a formigar, olho o monitor de frequência e começa a subir novamente, no desespero tiro o monitor, como se isso fosse resolver, abro os vidros e deixo o vento bater no rosto. Consigo com certa dificuldade chegar até a padaria.

Sento, peço um pão e café, me sinto um pouco tonto, tento me levantar e tudo roda a minha volta, a minha visão fica um pouco escura, me sinto sonolento. Assustado falo ao balconista: “Cara to passando mal!!!”, tento levantar, não consigo. Alguém leva uma cadeira até mim, me sento novamente e sinto meus dois braços formigando, minhas mão se fecham e ficam retorcidas, não consigo voltar minha mão para a posição normal, neste momento meus dois braços estavam formigando. Vejo o pessoal da padaria ligando para o SAMU, mas não consigo raciocinar direito e com dificuldade consigo falar o telefone de casa. O SAMU informa que não tem como enviar uma ambulância urgente, afinal 12/10 era feriado.

Não demora dois minutos, os mais longos da minha vida, e começo a me reestabelecer, meus braços não estão mais dormentes, consigo movimentar minha mão, me levanto, já vejo tudo normalmente, consigo falar e explico que havia acabado de correr e depois da corrida me sentido mal.
Tomo meu café normalmente, como meu pão e assisto o final do jogo da Seleção. Converso com as pessoas que estão na padaria, falo o que senti, comentamos sobre o sistema de saúde do Brasil, termina o jogo da Seleção. Todos me perguntam se estou bem e afirmo que não estou sentindo mais nada. Vou ao caixa, pago a conta, pego o carro, e vou para casa.

Em casa começo a falar para minha esposa que, quase não voltei. Tiro o tênis, sento no chão da sala, e começo a contar para ela o que senti. Ela muito preocupada já quer correr comigo para o hospital, mas, afirmo que estou bem e continuo a contar o que aconteceu.
Nisso sinto meus braços começam ficar novamente dormentes, olho para meus dedos e todos eles com as pontas roxas, começo a tremer de frio, e me deito no chão, minha sensação é de ter tomado uma anestesia em toda a boca pois ela estava dormente, braços e pernas tremendo sem parar. Minha esposa desesperada liga para o SAMU e começa o interrogatório, qual o nome, cor, idade, sexo, o que está sentindo, está alimentado e etc.

Já não tenho mais nenhum controle do meu corpo, boca formigando, meu maxilar travado, e meu raciocínio mais lento, não consigo responder para minha esposa o que estou sentindo.
Nesta hora, passa na minha cabeça, estou tendo um ataque e vou morrer, se não morrer ficarei com sequelas! Meu DEUS me ajude! Tenho família, como ficará minhas esposa e filhos? DEUS me ajude!

O SAMU chega depois de uns 20 minutos de puro pânico, saio de casa de cadeira de rodas, vou direto para o oxigênio, sou agasalhado e começo a me recuperar. Chego ao hospital e vou direto para a emergência, sou colocado em um lugar separado, já entro em exames. Estou melhor, mas me sentindo com muito sono, o raciocínio ainda lento, a fala um pouco mole.

É feito coleta de sangue, eletro e nada foi encontrado. Fico na observação por quatro horas e como nada foi detectado sou liberado. Fico o domingo de repouso não sinto nada de anormal e vou trabalhar na segunda.
Chega a segunda feira, continuo sem sentir nada, e vou trabalhar. No metro vou lendo um jornal e quando paro de ler sinto uma tontura, começo a suar frio, mas já estou próximo do local de trabalho. Chego na minha mesa e começo a sentir frio, a ponta dos meus dedos estão voltando a ficar roxo, minha mão começa a tremer, novo desespero.

Desço até ao ambulatório, meço a pressão e está normal, mas sinto que a dor de cabeça começa a voltar, minhas pernas começam a ficar pesadas, sinto meu corpo com o dobro do peso, dores no peito, bem no lado esquerdo, e começo a sentir um desconforto no estomago. O médico me libera, e me afasta por este dia. Conto para algumas pessoas o que ocorreu e eles me orientam a voltar ao médico.

Vou direto para o Hospital, explico tudo o que aconteceu, e comento que meu pai falecera de infarto. Sou colocado em uma maca, e já vou direto para a UTI. Fico na UTI por dois dias, uma série de exames são feitos, sangue, pressão,  colesterol, eletrocardiograma, eco cardiograma etc. Fico mais três dias em observação no quarto e os exames continuam sendo feitos.

Os médicos não conseguem achar nada clinicamente. E começam a fazer perguntas como: Você guarda muito as coisas? Fica muito nervoso? Tem passado por alguns stress?

Enfim os médicos sugerem que o que senti foi uma descarga de stress no corpo que causou uma disritmia total.

Apesar deste blog falar de “atendimento e entendimento”, achei bom compartilhar esta história. Precisamos ATENDER os chamados do nosso corpo e ENTENDER que não somos máquinas e quando é o momento de parar, repensar, desestressar e buscar ajuda e uma vida mais equilibrada e saudável.

Bom agora estou indo para um novo cardiologista, um terapeuta para um acompanhamento mais a fundo. Em breve retorno as corridas!


Abraços

Nenhum comentário:

Postar um comentário